Live Eletroboi promove protagonismo feminino e indígena no Boi-Bumbá

O roteiro da Live Eletroboi, projeto da cantora Márcia Novo contemplado pela Lei Aldir Blanc, valoriza o protagonismo feminino representado nesse show por Márcia, Vanessa Alfaia, cantora e compositora da Amazônia e a indígena Samela Sateré Mawé, liderança jovem que está à frente da Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (Amism), convidadas para participar da apresentação.

Idealizadora do projeto, Márcia comenta que existe um movimento lindo de vozes femininas no movimento musical do Boi-Bumbá, citando os nomes de Márcia Siqueira, Mara Lima, Julieta Camara, Emily Lira, Lucilene Castro, Ianayra e Vanessa Alfaia, participação do show. Márcia também relembra o último Festival de Parintins realizado no bumbódromo em que os bois protagonizaram momentos inesquecíveis de vozes femininas interpretando toadas emocionantes na arena, “isso foi um marco para os bois”, comenta Novo.

Contribuição da Live Eletroboi para as mulheres

A cantora Vanessa Alfaia reconhece a dificuldade que a mulher tem de ser inserida no Boi-Bumbá e fala da sua contribuição com a Live Eletroboi. “Sabemos que a mulher não é tão valorizada no Boi e estar nessa com Márcia Novo, que é uma mulher que vem trazendo essa nova cara de Boi-bumbá e mais, divulgando para vários estados é algo histórico que vai ficar marcado principalmente em Parintins, local onde o Boi é mais forte. Eu pretendo contribuir da melhor forma, na divulgação, gravando toadas, com composições, a gente tem que sempre bater muito forte nessa tecla do Boi-bumbá, que é uma coisa da nossa região e levar pra todos os lugares”.

Márcia comenta também que o sucesso das toadas na década de 90, só aconteceram porque existia um movimento de artistas produzindo muita música boa. Era o Arlindo Júnior, Klinger Araújo, Carrapicho, Carlinhos do Boi, Carlos Batata, Encanto Vermelho, Canto da Mata, eram muitos artistas produzindo cada um na sua onda. Então, isso que fez com que o movimento ganhasse força”.

Para Márcia, artisticamente, o Eletroboi é a continuidade de uma história, “numa pegada atual com muito respeito ao que já foi criado, mas com visão progressista que combina comigo e com o tempo que a gente vive”.

“É um registro que estamos fazendo e vai ficar eternizado nas plataformas digitais pra galera escutar e ver como é bom mulher cantando toada, estou fazendo preparação vocal, corporal, musical, enfim, preparando tudo com muito amor, esse projeto é especial pra mim”, diz a artista.

Protagonismo dos povos indígenas no Boi

A reflexão sobre a questão indígena terá um bloco especial na Live, revela a cantora Márcia Novo, “é uma bandeira de todos nós, principalmente porque somos Amazônidas, e eu acho que é o momento de entender a nossa importância nesse momento tão delicado que a Amazônia e os indígenas de uma maneira geral vivem, nossa cultura é mestiça, cabocla, nordestina, negra, mas acima de tudo indígena, então provocar essas reflexões são de extrema importância para mim.”

Convidada para um bloco especial dedicado à questão indígena, a líder Samela Sateré-Mawé, além de participar com a consultoria sobre a abordagem correta do tema, vai fazer uma participação especial na Live Eletroboi. “Minha participação é enquanto questões do que pode e não pode falar, o Festival retrata o indígena como uma figura mítica e não é bem assim, nós povos indígenas temos a nossa cultura, a nossa língua, nossos costumes, nossos rituais, isso deveria ser melhor retratado com mais protagonismo e contrapartidas, é tratado como folclore, é romantizado, não tem a luta, não tem a valorização de fato da cultura dos povos indígenas”, avalia.

Ainda sobre a participação de indígenas em eventos voltados para o folclore, Samela avalia como muito baixa e destaca a produção da Live ter se preocupado com a participação de indígenas no projeto. “É importante porque nos principais eventos de folclore do que trata da cultura, que explora toda a cultura dos povos indígenas, a gente não vê os indígenas na frente produzindo e protagonizando, então, é uma iniciativa muito boa que só tem a dar exemplo para o próprio festival, nós povos indígenas deveríamos participar mais e ajudar as pessoas com o que elas querem tratar da cultura dos povos indígenas, mas muitas vezes não sabem nada e acabam só reproduzindo estereótipos, aumentando fetiches em relação ao corpo das mulheres, em relação aos ser indígena, em relação a toda figura do indígena do pajé e do cacique”, explica.

Durante a Live Eletroboi 2021 serão arrecadadas doações, por meio de um QR Code, para o projeto “Vidas Indígenas Importam”, que faz parte do programa Aliança Covid da FAS – Fundação Amazônia Sustentável .

A live Eletroboi será realizada no próximo dia 23 de maio a partir das 19h30 nas margens do Lago Macurany, no Kwati Club, em Parintins e terá aproximadamente 3 horas de duração. Será transmitida pelo canal no YouTube (youtube.com/user/popnovo) e na página do facebook (facebook.com/marcianovo) e também pela Tv aberta para todo o Estado do Amazonas, no canal Encontro das Águas (Canal 2.1, 13 / 513 HD – Claro TV). Todos os protocolos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) serão mantidos para garantir a segurança dos envolvidos no evento.

Márcia Novo – uma das guardiãs da Amazônia

Considerada uma das 12 personalidades Guardiãs da Amazônia pela Revista Vogue, Márcia Novo vai celebrar 18 anos de carreira com quatro discos gravados e reconhecimento no Brasil. Também iniciou o movimento “Vidas Indígenas Importam” que tem ajudado diversas famílias com alimentos, remédios e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). Além disso, também atua no projeto “Tarumã Alive” que promove conscientização e ações de preservação da maior bacia hidrográfica de Manaus, o Tarumã-Açu. Pelo seu destaque como ativista em causas ambientais e indígenas, foi escolhida como embaixadora da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Informação Assessoria 

Foto: Divulgação 

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